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segunda-feira, 18 de maio de 2015

Meningite Bacteriana

Meningite Bacteriana
 Processo inflamatório das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula
espinhal, causado por bactérias.

Agentes etiológicos
Pode ser causada por uma grande variedade de bactérias.



A prevalência de cada bactéria está associada a um dos seguintes fatores:
•  idade do paciente, porta de entrada ou foco séptico inicial;
•  tipo e localização da infecção no sistema nervoso central (SNC);
•  estado imunitário prévio;
•  situação epidemiológica local.

Os principais agentes bacterianos causadores de meningite:
Neisseria meningitidis (meningococo)
No Brasil é a principal causa de meningite bacteriana (tratada em capítulo sobre Do-
ença Meningocócica).
Streptococcus pneumoniae (pneumococo)
Bactéria gram-positiva com característica morfológica esférica (cocos), disposta aos pares.
É alfa-hemolítico e não agrupável. Possui mais de 90 sorotipos capsulares, imunologicamente
distintos, que causam doença pneumocócica invasiva (meningite, pneumonia bacterêmica,sep-
se e artrite) e não invasiva (sinusite, otite média aguda, conjuntivite, bronquite e pneumonia).
Haemophilus influenzae
Bactéria gram-negativa que pode ser classificada em seis sorotipos (A, B, C, D, E, F), a partir da diferença antigênica da cápsula polissacarídica. O H. influenzae, desprovido de cápsula, se encontra nas vias respiratórias de forma saprófita, podendo causar infecções assintomáticas ou doenças não invasivas, tais como bronquite, sinusites e otites, tanto em crianças quanto em adultos.

Outras bactérias
Destacam-se: Mycobacterium tuberculosis; Streptococcus sp. – especialmente os do grupo B; Streptococcus agalactie; Listeria monocytogenes; Staphylococcus aureus; Pseudômonas aeruginosa; Klebsiella pneumoniae; Enterobacter sp.; Salmonella sp.; Proteus sp.

Modo de transmissão
Em geral é de pessoa a pessoa, através das vias respiratórias, por gotículas e secreções
da nasofaringe.

Medidas de Prevenção
 Algumas medidas básicas de higiene como lavar sempre as mãos, cobrir a boca ao tossir ou espirrar e não compartilhar itens de uso pessoal com outras pessoas ajuda a prevenir a doença.

Período de incubação
Em geral, de 2 a 10 dias, em média 3 a 4 dias. Pode haver alguma variação em função do agente etiológico responsável.

Período de transmissibilidade
É variável, dependendo do agente infeccioso e da instituição do diagnóstico e tratamento.

Suscetibilidade, vulnerabilidade e imunidade
A suscetibilidade é geral. As crianças menores de 5 anos, principalmente as menores de 1 ano, e pessoas maiores de 60 anos são mais suscetíveis à doença.
Em relação à meningite pneumocócica, idosos e indivíduos portadores de quadros crônicos ou de doenças imunossupressoras – tais como síndrome nefrótica, asplenia anatômica ou funcional, insuficiência renal crônica, diabetes mellitus e infecção pelo HIV – apresentam maior risco de adoecimento.
No caso do pneumococo, H. influenzae sorotipo b e M. tuberculosis a imunidade é conferida por meio de vacinação específica.

Manifestações clínicas
O quadro clínico, em geral, é grave e caracteriza-se por febre, cefaleia, náusea, vômito, rigidez de nuca, prostração e confusão mental, sinais de irritação meníngea, acompanhadas de alterações do líquido cefalorraquidiano (LCR).
No curso da doença podem surgir delírio e coma. Dependendo do grau de comprometimento encefálico (meningoencefalite), o paciente poderá apresentar também convulsões, paralisias, tremores, transtornos pupilares, hipoacusia, ptose palpebral e nistagmo. Casos fulminantes com sinais de choque também podem ocorrer.
A irritação meníngea associa-se aos seguintes sinais:
•  Sinal de Kernig – resposta em flexão da articulação do joelho, quando a coxa é colocada em certo grau de flexão, relativamente ao tronco.
-  Há duas formas de se pesquisar esse sinal:
.   paciente em decúbito dorsal – eleva-se o tronco, fletindo-o sobre a bacia; há flexão da perna sobre a coxa e desta sobre a bacia;
.   paciente em decúbito dorsal – eleva-se o membro inferior em extensão, fletindo-o sobre a bacia; após pequena angulação, há flexão da perna sobre a coxa.
Essa variante chama-se, também, manobra de Laségue.
•  Sinal de Brudzinski – flexão involuntária da perna sobre a coxa e desta sobre a bacia, ao se tentar fletir a cabeça do paciente.
Crianças de até 9 meses poderão não apresentar os sinais clássicos de irritação meníngea. Neste grupo, outros sinais e sintomas permitem a suspeita diagnóstica, tais como: febre, irritabilidade ou agitação, choro persistente, grito meníngeo (criança grita ao ser manipulada, principalmente quando se flete as pernas para trocar a fralda) e recusa alimentar, acompanhada ou não de vômitos, convulsões e abaulamento da fontanela.

Complicações
As principais complicações são perda da audição, distúrbio de linguagem, retardo mental, anormalidade motora e distúrbios visuais.

Diagnóstico laboratorial
 Os principais exames para o esclarecimento diagnóstico de casos suspeitos de meningite bacteriana são:
•  cultura (padrão ouro) – LCR, sangue, raspado de lesões petequiais ou fezes;
•  reação em cadeia da polimerase (PCR) – LCR, soro, e outras amostras;
•  aglutinação pelo látex – LCR e soro;
•  contraimuneletroforese (CIE) – LCR e soro;
•  bacterioscopia direta – LCR e outros fluidos estéreis;
•  exame quimiocitológico do líquor.

 O aspecto do líquor normal é límpido e incolor, como “água de rocha”. Nos processos infecciosos ocorre o aumento de elementos figurados (células), causando turvação, cuja intensidade varia de acordo com a quantidade e o tipo dessas células.

Tratamento

 O tratamento precoce e adequado dos casos reduz significativamente a letalidade da doença e é importante para o prognóstico satisfatório. O uso de antibiótico deve ser associado a outros tipos de tratamento de suporte, como reposição de líquidos e cuidadosa assistência.
 A duração do tratamento antibiótico em pacientes com meningite bacteriana varia de acordo com o agente isolado e deve ser individualizada de acordo com a resposta clínica.

Características epidemiológicas
No Brasil, as principais causas de meningite bacteriana, de relevância para a saúde pública, são as causadas por Neisseria meningitidis (meningococo), Streptococcus pneumoniae (pneumococo) e Hib.

Streptococcus pneumoniae (pneumococo)
O pneumococo é a segunda maior causa de meningite bacteriana no Brasil. Também é responsável por outras doenças invasivas, como pneumonia, bacteremia, sepse e doenças não invasivas, como otite média, sinusite, entre outras. No Brasil, as crianças de até 2 anos de idade são as mais acometidas pela meningite pneumocócica. Em 2010, a vacina conjugada 10-valente, que protege contra dez sorotipos do pneumococo, foi disponibilizada no calendário de vacinação da criança para crianças menores de 1 ano de idade.
Em 1999, foi introduzida no país a vacina contra o Hib, responsável por várias doenças invasivas, como meningites e pneumonias, sobretudo em crianças. O Hib era a segunda causa mais comum de meningite bacteriana no Brasil, sendo responsável por uma incidência média anual em menores de 1 ano de 23,4 casos/100.000 hab. até 1999. Observou-se, após a introdução da vacina, redução de mais de 90% no número de casos, incidência e número de óbitos por meningite por H. influenzae.

                                               Indicadores Epidemiológicos-Meningite Bacteriana
Ano Taxa de Incidência Letalidade
2001 8.14 17.03
20027.81 16.19
20036.70 19.61
2004 6.71 20.35
20056.08 20.93
20065.98 20.00
2007 4.26 16.73
20084.19 17.55
20094.09 18.72
2010 4.10 18.58
20113.97 19.36
20123.66 17.85
2013 3.14 18.47
                           Fonte: SINAN / SIM / IBGE NOTAS: (1) Dados atualizados em Outubro/2014