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terça-feira, 19 de maio de 2015

Meningite causada por fungos e parasitas

Meningite causados por fungos e parasitas
Processo inflamatório das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhalcausado por fungos e parasitas.
Agente etiológico
Destacam-se os fungos do gênero Cryptococcus, sendo as espécies mais importantes a C. neoformans e a C. gattii. Entretanto, outros agentes, como protozoários e helmintos, também podem ocasionar meningite.

Outros agentes etiológicos que podem causar meningite:
Fungos                                           Protozoários                             Helmintos
Cryptococcus neoformans             Toxoplasma gondii                    Infecção larvária da Taenia solium
Cryptococcus gattii                        Trypanosoma cruzi                    Cysticercus celulose(Cisticercose)
Candida albicans                            Plasmodium sp                          Angyostrongylus cantonesis
Candida tropicalis
Histoplasma capsulatum
Paracoccidioides brasiliensis
Aspergillus fumigatus

Reservatório
Microfocos relacionados a habitat de aves, madeira em decomposição em árvores, poeira domiciliar, outros habitat como de morcegos e outros animais; onde houver concentração estável de matéria orgânica, pode representar fontes ambientais potenciais para a infecção. Além de pombos, outras aves também são importantes reservatórios, sobretudo aquelas relacionadas à criação em cativeiro no ambiente doméstico, como canários e periquitos.

Modo de transmissão
Geralmente ocorre devido à inalação das formas leveduriformes do ambiente

Dicas de Prevenção
Nunca pegue um caracol africano na mão, lave bem as folhas das verduras (coloque algumas gotas de hipoclorito de sódio em 1 litro de água, e use também água corrente) e mantenha as mãos sempre limpas.
Esse caracol pode transmitir ao ser humano o verme Angiostrongylus cantonensis causador de meningite

Período de incubação
Desconhecido. Casuísticas brasileiras exibem média de surgimento de sinais e sintomas entre 3 semanas e 3 meses antes da admissão, mas individualmente pode variar de 2 dias a 18 meses ou mais.

Suscetibilidade e vulnerabilidade
 A suscetibilidade é geral; o C. neoformans tem caráter predominantemente oportunista; o C. gatti atinge prioritariamente crianças e jovens hígidos.

Manifestações clínicas
 Apresenta-se mais frequentemente como meningite ou meningoencefalite aguda ou subaguda, entretanto aparecem lesões focais únicas ou múltiplas no SNC, simulando neoplasias, associadas ou não ao quadro meníngeo; isto tem sido associado ao C. gattii.
 As manifestações variam de acordo com o estado imunológico do paciente.
 No indivíduo imunodeprimido (aids ou outras condições de imunossupressão), a meningoencefalite é aguda, com ampla variedade de sinais, podendo inclusive não haver sinais de irritação meníngea. Nos pacientes com aids que apresentam cefaleia, febre, demência progressiva e confusão mental, a meningite criptocócica deve ser considerada.
 No indivíduo imunocompetente, o quadro é exuberante, e os sintomas comumente descritos são: cefaleia, febre, vômitos, alterações visuais, rigidez de nuca. Outros sinais neurológicos, como ataxia, alteração do sensório e afasia, são comuns. Pode ocorrer evolução para torpor ou coma.

Complicações
Pode evoluir com significativo número de sequelas; as mais frequentes são diminuição da capacidade mental (30%), redução da acuidade visual (8%), paralisia permanente de nervos cranianos (5%) e hidrocefalia.

Diagnóstico laboratorial
Os principais exames a serem realizados no LCR para o esclarecimento diagnóstico de casos suspeitos de meningite criptocócica são:
•  exame micológico direto com preparação da tinta da China;
•  cultura para fungos – padrão ouro;
•  aglutinação pelo látex – pesquisa de antígeno (Crag);
•  exame quimiocitológico do líquor.

Diagnóstico diferencial
Deve ser feito com outras afecções neurológicas, como outras meningites, principalmente as virais, abscessos, meningites bacterianas parcialmente tratadas ou neoplasias, e com as afecções comuns no paciente com aids, como toxoplasmose, tuberculose, histoplasmose, linfoma e a leucoencefalopatia multifocal progressiva.

Tratamento
O tratamento da meningite criptocócica se baseia na presença ou não de imunossupressão e nas drogas disponíveis.
O tratamento é dividido em três fases: indução, consolidação e manutenção. Dependendo do estado imunológico do paciente e da disponibilidade do medicamento, vários esquemas podem ser adotados.
O término da fase de indução e início da fase de consolidação é recomendado somente quando o paciente apresentar cultura para fungos negativa no LCR após a 2a semana e/ou melhora dos sinais clínicos.
Cabe ressaltar que os pacientes portadores de condições de imunossupressão deverão ser submetidos à fase de manutenção do tratamento por 12 a 24 meses.

Características epidemiológicas
A micose abrange duas entidades distintas do ponto de vista clínico e epidemiológico:
•  criptococose oportunista, cosmopolita, associada a condições de imunodepressão celular causada predominantemente por Cryptococcus neoformans variedade neoformans;
•  criptococose primária de hospedeiro aparentemente imunocompetente, endêmica em áreas tropicais e subtropicais, causada predominantemente por Cryptococcus neoformans variedade gattii. Pode ter caráter epidêmico.
Mundialmente a criptococose por C. neoformans variedade neoformans atinge indivíduos imunocomprometidos acompanhando o sexo e idade dos grupos de risco.

No Brasil, ocorre como primeira manifestação oportunista em cerca de 4,4% dos casos de aids e estima-se a prevalência da criptococose associada a aids entre 8 e 12% em centros de referência da região Sudeste. Entretanto, nas regiões Norte e Nordeste do Brasil predominam casos de criptococose em indivíduos sem evidência de imunodepressão, tanto no sexo masculino quanto no feminino, causados pela variedade gattii, comportando-se esta micose como endemia regional. A meningoencefalite criptocócica ocorre em pessoas residentes destas regiões, incluindo jovens e crianças, com elevada morbidade e letalidade (37 a 49%), revelando padrões regionais marcadamente distintos da criptococose por variedade neoformans, amplamente predominante nas regiões Sudeste e Sul do país. A mortalidade por criptococose é estimada em 10% nos países desenvolvidos, chegando a 43% nos países em desenvolvimento.